Ledores do Breu: uma leitura, por Karyna Bühler

A carteira do estudante serve de escudo e de batuque. O ator entra em cena recitando palavras e distribuindo olhares e sorrisos carinhosos. Somos levados a pensar a respeito da importância da palavra e das múltiplas possibilidades de leitura que elas nos garantem. Esse é o prólogo, para assistir a peça é necessário OCUPAR o espaço do teatro.

A peça é dividida em três momentos: Confissão de um Caboclo, Provocação e Condenação. O ator divide o palco com o público que fica na lateral. O cenário é composto por sacos de carvão e rolos de papel kraft. O carvão é despejado no chão e sobre ele um homem confessa o assassinato de sua mulher com uma lâmpada suspensa sobre a sua cabeça, o foco esta na narrativa do caboclo.

Seu doutô sou criminoso,
Sou criminoso de morte,
Tô aqui pra me entregá.
Vosmicê fique sabendo
Que a muié que traz a sorte
De atraiçoá o esposo
Só presta pra se matá.

A Poesia Confissão de um caboclo é de Zé da Luz “Tá aqui a faca assassina / E o sangue nas minhas mão.” As mãos estão cobertas de carvão, carvão das mãos do trabalhador explorado. Nesse momento, é necessária uma digressão para falar das lembranças que a peça me trouxe, durante essa cena fui conduzida às lembranças da cidade onde cresci com minha família, uma cidade simples e de gente simples, cidade de muita exploração. O cortador de cana, o carvoeiro, o agricultor sem terra, homens sem instrução que chegavam para minha mãe (na época ela tinha uma mercearia) pedindo para que ela os ajudasse com alguma ligação, eles não sabiam ler números, que ela lesse algum documento, ou mesmo uma carta enviada pelo filho distante. Homens que por não saber ler eram induzidos aos empréstimos bancários mais mirabolantes, homens que não entendiam seus direitos quanto trabalhador, homens que eram facilmente ludibriados pelos comerciantes da cidade. Lembro também da minha falta de leitura, da minha ignorância ao olhar para eles e não entender que estavam submetidos a uma completa exclusão oriunda do sistema capitalista. Olhar que acompanha grande parte da cidade que se diz alfabetizada, detentora do privilégio da leitura, mas incapaz de ler ou compreender o próprio sistema em que está inserida.

Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou “Ledores no breu” durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.
Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou “Ledores no breu” durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.

O segundo momento da peça, o das provocações, nos remete exatamente a essa discussão. Por meio do texto de Luís Fernando Veríssimo somos imediatamente levados a questionar o que é a violência como ela se constitui e como está naturalizada em nosso meio. A exploração, a fome, a falta de educação, de saúde e de terra são compreendidas como fator natural dessa sociedade, violência para uma parcela considerável da população está em se revoltar diante dessas condições. Também nos deparamos, nesse momento, com uma das cenas mais bonitas da peça, o aluno que já adulto aprende as letras, aprende a escrever o nome da esposa. A esperança de quem começa a decifrar o mundo por meio da palavra. As palavras começam a preencher o papel Kraft, começam a traduzir o sentimento daqueles que a encontram pela primeira vez. Mais uma vez sou conduzida para fora do teatro. Recordo-me do olhar dos meus alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos) encantados pela oportunidade de estar em uma sala de aula. Lembro-me da cortadora de cana que saia da sua casa todos os dias cinco horas da manhã e voltava às nove da noite, mas que não perdia uma aula sequer. Do seu olhar ao chegar para mim e mostrar o texto que ela tinha feito em casa, do seu sorriso de alegria quando eu dizia que ela escrevia tão bem e, principalmente, sua vontade de continuar estudando.

Por fim, chegamos à parte da condenação. Com um estojo para molhar os dedos, o ator vai passando pelo público, que em meio a risos e brincadeiras deposita sua digital sobre ele, que vai caindo sobre as pessoas, que o mancham com suas digitais. Sem reflexão e imersos na cena, o público o condena. A carta escrita pela mulher como sinal da traição do marido é lida em cena, sabemos que ela é inocente e descobrimos que o motivo pelo crime e a falta de leitura do marido.

Antes do final, somos remetidos ao papel modificador daquele que detém a leitura, mais uma vez a referência é a da ocupação das escolas. Os alunos trazem as cadeiras na frente do peito, como escudo, e palavras fortes, como ocupação, e a esperança da construção de um mundo mais justo. Nós também somos convidados a desenhar no ar palavras, palavras que darão significado ao mundo.

Karyna Bühler de Mello é integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista (UEM).

Cicatrizes, por Andresa Viotti

“Começou?” – “Não, não começou!” – “Começou sim, veja”.

Quando começou e quando acabou o espetáculo? Acredito que estou presa nele até agora! A atriz começa sua atuação do lado de fora do teatro, muda. Nos fazendo questionar se faz parte do espetáculo ou não. E desde então começam as perguntas: Qual a linha tênue entre arte e vida? Entre a ficção e a verdade contada em forma de segredo? Entre minhas lembranças ilusórias e o que delas possa ser real? Caos, confusão! O que realmente aconteceu? A verdade basta? A verdade é verdade mesmo? Qual a verdade de cada um? Porque repetir tantas vezes a mesma coisa? Entre palavras rápidas e repetidas, a atriz nos faz passar por uma explosão de sentimentos. O que precisamos tanto entender? Quantos questionamentos um espetáculo pode deixar no espectador?

"Conversas com meu pai", solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.
“Conversas com meu pai”, solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.

De início, sabemos que serão reveladas algumas memórias sobre a relação com seu pai. No entanto, o espetáculo é fragmentado em três momentos e cada uma dessas partes apresentam tantos outros pedacinhos que precisamos capturá-los e ligar os pontos. É questionado pela atriz sobre a verdade de suas memórias, se o que ela lembra realmente aconteceu ou se é uma ideia projetada em sua mente ou, até mesmo, se é uma lembrança contada por um outro alguém e ela acredita ser sua. Para nós, espectadores, restam as possibilidades: Foi estupro? Foi incesto? Grávida do próprio pai? Não, não, nenhuma das alternativas. Sim, sim, todas as alternativas! Fui longe demais? Óbvia demais? Neutra demais? Possivelmente não entendi nada, ou tudo! Essa é a minha história ou a história de Janaína Leite? Como escrever uma crítica? Como dar opinião sobre o subjetivo? Como falar sobre a individualidade de uma pessoa? O que de universal tem nesse individual? O que do outro tem em mim? O que de mim tem no outro?

Em um espetáculo como “Conversas com meu Pai” são as perguntas que movem uma crítica, a busca de respostas não passa de uma ilusão!

Andresa Viotti, atriz e integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista. 

Quando o silêncio grita em nós, por Arnaldo Martin

Escrevo esse texto no dia em que meu pai completaria 68 anos se estivesse vivo. Resta a dúvida se existe o acaso.

Um dos destaques da Só em Cena – Mostra Solos e Monólogos de Maringá, evento da Dois Coelhos Comunicação e Cultura, realizado via Lei Federal de Incentivo à Cultura e contemplado pelo edital da Viapar Cultural, foi o espetáculo “Conversas com meu pai”, uma pesquisa cênica da atriz paulistana Janaína Leite com dramaturgia do premiado Alexandre Dal Farra (Prêmio Shell 2013).

Papéis numa caixa de sapatos. Frutos da comunicação entre um pai enfermo, sem a possibilidade de fala, e uma filha que mantinham os laços de afetividades numa comunicação sem qualquer som, mas com múltiplas vozes. A todo instante qualquer um de nós nos reinventamos, mudamos e reescrevemos nossos passos – tanto do passado quanto os futuros – nesse sentido. Leite conduz as versões da história que conta diferentes formas e sentidos de si mesma. Em tempos líquidos todos perdemos o aspecto cartesiano, lutamos com o mundo e com o tempo que nos prega peças ao construir uma linearidade da memória. No fundo, o espetáculo nos mostra a obviedade humana que qualquer racionalidade não se é possível linearidade.

O ensejo teatral revela a descrença simplista que não há plano traçado, o incomodo latente grita, mesmo que através do silêncio de Alair (pai e peça documental do espetáculo) nem sempre há um bom porto no final da jornada. Enquanto há as trocas de personalidades de um selfie da atriz, o que se apresenta são memórias documentais através de projeções de vídeo de uma realidade passada e real? Imagens em pedaços, estilhaços e cacos que nos fazem reconhecer nesses anônimos tão fraternais.

"Conversas com meu pai", solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.
“Conversas com meu pai”, solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.

Pairam as dúvidas: de que forma se relaciona a realidade e a ficção? O que é real? Será que isso existe somente na minha mente? São reflexões que mentém uma tensão viciante ao expectador.

Somos o fruto do que nos cerca, todas as coisas podem ser revertidas, e temos grandes dificuldades de enxergar certas situações, todos temos aqueles segredos escondidos no silêncio, e na escuridão de mente, e por mais espinhosos e escabrosos que são percebemos que é necessário nos machucarmos com eles, pelos simples fato de lembrarmos da nossa fragilidade humana.

Sofremos para enfrentar nossa realidade, encarar os mais sublimes silêncios podem nos fazer estourar os tímpanos. O poeta já dizia que o silêncio responde até aquilo que não foi perguntado. Quem é mais sábio? O homem que encara seus monstros ou o medíocre que olha ao seu redor e finge que está tudo bem e se conforma cotidianamente. O espetáculo “Conversas com meu pai” nos traz essas reflexões de tantas histórias empilhadas e revela uma excelente pesquisa e encenação do teatro documental.

Arnaldo Martin Szlachta Junior é professor e doutorando em História pela Universidade Estadual de Maringá. Como ator participou de mais 30 espetáculos e dirigiu outros dois.

Conversas com meu pai: uma tentativa, por Karyna Bühler de Mello

Janaína Leite em "Conversas com meu pai". Crédito da imagem: Renato Domingos.
Janaína Leite em “Conversas com meu pai”. Crédito da imagem: Renato Domingos.

A experiência de narrar o inenarrável pode nos levar a lugares desconhecidos e, muitas vezes, desconfortáveis.

De forma muda, a atriz nos convida a entrar no teatro com a promessa de que nos serão reveladas as conversas entre a mesma e o pai, já morto, conversas que estão guardadas em uma caixinha de sapato (que permanecerá fechada a peça inteira).

Estamos diante do processo de criação e concepção da peça e logo nas primeiras cenas somos conduzidos a uma situação de desconforto. A fala rápida, as palavras e expressões que se repetem sem que haja uma organização lógica, ou pelo menos evidente, misturadas à condição de cumplicidade a que a atriz tenta nos submeter, “eu preciso dividir um segredo com vocês” nos parece bastante desconcertante. Ao passo que ganha condição de destaque o próprio processo de criação e as dificuldades encontradas pela atriz, Janaína Leite, em transpor para a cena as lembranças mais íntimas e dolorosas entre ela e o pai. Evidencia-se o limite entre realidade e ficção, que nos convida a questionar a possibilidade de construir esteticamente (ou reconstruir) aquilo que insiste em escapar da memória. O processo acaba retratando a fragmentação da memória, dando ênfase para a impossibilidade de transpor a vida para o palco. No entanto, mesmo diante desse obstáculo, essa tentativa de dar expressão para os seus conflitos é composto por um sentimento de cura para a personagem, que transita ela mesma entre o plano da criação e o da realidade.

Essa fragmentação da memória, nos leva a um processo de desconstrução, em que resta ao público reunir as pistas deixadas em cada uma das três tentativas de organização da fábula pela atriz. No primeiro processo, observamos a personagem vestida de luto nos revelando sobre a morte do pai e a sua tentativa de revelar essa relação, ela rompe essa cena para, na sequência, iniciar o segundo processo expondo a dificuldade de organizar isso de forma a transmitir seu segredo, mesmo porque ela própria já não teria certeza sobre sua narrativa, ela nos remete a sua adolescência e as marcas deixadas por aquele momento em que o pai sai de casa “foi um alívio para todos” (Sinopse). Em meio às memórias que insistem em permanecer embaralhadas, a personagem mergulha em um ambiente desorganizado e repleto de lembranças, um porão, onde ela guarda tudo aquilo que visivelmente é necessário se desfazer, mas que ela insiste em carregar. É no meio desse amontoado de coisas que ela revela ao público a fragilidade das relações familiares e como elas foram abarcadas pelo teatro desde as tragédias gregas. Existe uma referência à relação do incesto praticado por Édipo, bem como o das filhas de Ló, que se deitaram com o pai para que a tradição da família se perpetuasse, talvez aí começa a ficar mais clara a dificuldade em transformar para a cena a sua experiência. Por outro lado, chegamos ao fato de que essa a tentativa da atriz de adaptar a vida ao espetáculo também parte de um desejo de não permitir que aquela relação simplesmente se acabe, mas que ela continuasse viva por meio de cada apresentação, bem como de cada texto escrito posteriormente sobre a peça.

Karyna Bühler de Mello é integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista (UEM). 

Abaixar âncora, por Andresa Viotti

Julio Adrião em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena - Mostra de Solos e Monólogos. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos. Crédito da imagem: Renato Domingos.

Palco vazio, luz branca naquela “caixa de areia” que me pareceu imensa. Mas, não estava vazia, não parecia vazia. A sensação era boa! No entanto, a tal “caixa de areia” pareceu pequena para a atuação de Julio Adrião. Do início ao fim o que de pronto me chamou atenção foi a corporeidade, a fisicalidade corporal do ator, que de tão boa fez com que o texto me parecesse dispensável em vários momentos. As nuanças do texto, junto com um grammelot bem articulado, o uso de onomatopeias envolvia a plateia e os pontos máximos aconteciam quando incorporava a reação dessa plateia à sua desenvoltura no palco. O que também pode ser um problema! Mecanismos da comicidade podem ser notados na adaptação, um tempo cômico muito bem feito e uma escuta muito boa do público, sem contar que utilizar da comédia para se aproximar da plateia, na medida em que leva uma reflexão crítica, é pisar no terreno do cômico por excelência e nesse sentido a comedia é muito séria! Sendo assim, em vários momentos achei desnecessário o uso de alguns estereótipos e o reforço negativo deles. E o que mais me incomodava era perceber que a plateia maringaense, em sua maioria, gargalhava quando o assunto era pinto, bunda, teta, buceta ou quando havia referência aos grupos que são alvo de piadas todos os dias. A atuação de Julio Adrião estava espetacular por si só e não necessitava dar ênfase nesses estereótipos para ser aclamado pelo público.

Andresa Viotti, atriz e integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista. 

Sobre “A Descoberta das Américas”, por Márcia Costa

Julio Adrião esteve em Maringá na terça-feira (22) abrindo a Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos. Um ator excelente e vigoroso, sem sombra de dúvidas! Fez brotar de um palco vazio todos os elementos imagéticos típicos de uma grande saga. Os ritmos variados, a melodia das falas e os desenhos formados pelo seu corpo, na pele de Johan Padan (um narrador totalmente amoral, herói às avessas, uma espécie de Macunaíma) nos levou mar, florestas, Américas adentro.

Embora esteja arriscando aproximações do malandro narrador Johan com Macunaíma, é preciso que se diga que ao contrário de nosso anti-herói tupiniquim, Johan é o representante do colonizador europeu, mesmo estando no nível mais baixo na hierarquia por se tratar de um Zé Ninguém que escapa da fogueira da inquisição, embarcando numa das caravelas de Cristóvão Colombo. Johan é ao mesmo tempo um opressor e um oprimido.

Julio Adrião, em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião, em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.

Seu temperamento se assemelha ao daqueles que se preocupam única e exclusivamente com a sua pele, com a sua barriga e com seus apetites sexuais. Por constituir-se de componentes tão elementares carrega em seus comentários e atos uma imensidão de estereótipos relacionados às mulheres, aos animais e a outras civilizações. Fora de sua terra exerce de forma malemolente toda sua herança opressora subjugando todas e todos. E como um bom anti-herói, sem ética nenhuma. Um personagem com essa constituição não poderia agir de outra maneira.

Julio Adrião, em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião, em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.

E, para mim, essa faceta escrota da personagem, tecida por Dario Fo* e interpretada brilhantemente por Julio Adrião, é que dá a tônica crítica e agudamente irônica desse trabalho. Algumas passagens principalmente relacionadas às mulheres não causam mais tantas risadas como há dez anos, (o que é muito positivo, pois demonstra que estamos em processo de transformação) mas o espaço criado pela peça para discussão e reflexão não acabou. Muito pelo contrário, ouso em dizer que estamos no momento histórico mais propício para isso. E não podemos num momento desses nos furtar ao diálogo.

Digo isso porque percebi alguns incomodados durante a apresentação e fiquei cavoucando com meus botões: será que o incômodo está relacionado a não percepção de ironia? Da não percepção das vozes que gritam nas entrelinhas Bom, ainda bem que na Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos temos a oportunidade de discutir nossas inquietações nos bate-papos! E tomara que usemos esse espaço para crescermos juntos.

*Texto de Dario Fo, inspirado em fatos reais narrados pelo navegador e cronista Álvar Núñes Cabeza de Vaca. Revisita de maneira irônica e crítica episódios ocorridos na Flórida do século XVI, mas a história poderia ser bem daqui, da terra brasileira. Um Zé ninguém de nome Johan Padan, rústico, esperto e carismático, escapa da fogueira da inquisição embarcando, em Sevilha, numa das caravelas de Cristóvão Colombo. No Novo Mundo, nosso herói sobrevive a naufrágios, testemunha massacres, é preso, escravizado e quase devorado pelos canibais. Com o tempo, aprende a língua dos nativos, cativa-os e safa-se fazendo “milagres” com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como filho do sol e da lua, catequiza e guia os nativos numa batalha de libertação contra os espanhóis invasores.

Márcia Costa é atriz e estudante de Artes Cênicas na Universidade Estadual de Maringá (UEM).