Ledores do Breu: uma leitura, por Karyna Bühler

A carteira do estudante serve de escudo e de batuque. O ator entra em cena recitando palavras e distribuindo olhares e sorrisos carinhosos. Somos levados a pensar a respeito da importância da palavra e das múltiplas possibilidades de leitura que elas nos garantem. Esse é o prólogo, para assistir a peça é necessário OCUPAR o espaço do teatro.

A peça é dividida em três momentos: Confissão de um Caboclo, Provocação e Condenação. O ator divide o palco com o público que fica na lateral. O cenário é composto por sacos de carvão e rolos de papel kraft. O carvão é despejado no chão e sobre ele um homem confessa o assassinato de sua mulher com uma lâmpada suspensa sobre a sua cabeça, o foco esta na narrativa do caboclo.

Seu doutô sou criminoso,
Sou criminoso de morte,
Tô aqui pra me entregá.
Vosmicê fique sabendo
Que a muié que traz a sorte
De atraiçoá o esposo
Só presta pra se matá.

A Poesia Confissão de um caboclo é de Zé da Luz “Tá aqui a faca assassina / E o sangue nas minhas mão.” As mãos estão cobertas de carvão, carvão das mãos do trabalhador explorado. Nesse momento, é necessária uma digressão para falar das lembranças que a peça me trouxe, durante essa cena fui conduzida às lembranças da cidade onde cresci com minha família, uma cidade simples e de gente simples, cidade de muita exploração. O cortador de cana, o carvoeiro, o agricultor sem terra, homens sem instrução que chegavam para minha mãe (na época ela tinha uma mercearia) pedindo para que ela os ajudasse com alguma ligação, eles não sabiam ler números, que ela lesse algum documento, ou mesmo uma carta enviada pelo filho distante. Homens que por não saber ler eram induzidos aos empréstimos bancários mais mirabolantes, homens que não entendiam seus direitos quanto trabalhador, homens que eram facilmente ludibriados pelos comerciantes da cidade. Lembro também da minha falta de leitura, da minha ignorância ao olhar para eles e não entender que estavam submetidos a uma completa exclusão oriunda do sistema capitalista. Olhar que acompanha grande parte da cidade que se diz alfabetizada, detentora do privilégio da leitura, mas incapaz de ler ou compreender o próprio sistema em que está inserida.

Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou “Ledores no breu” durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.
Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou “Ledores no breu” durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.

O segundo momento da peça, o das provocações, nos remete exatamente a essa discussão. Por meio do texto de Luís Fernando Veríssimo somos imediatamente levados a questionar o que é a violência como ela se constitui e como está naturalizada em nosso meio. A exploração, a fome, a falta de educação, de saúde e de terra são compreendidas como fator natural dessa sociedade, violência para uma parcela considerável da população está em se revoltar diante dessas condições. Também nos deparamos, nesse momento, com uma das cenas mais bonitas da peça, o aluno que já adulto aprende as letras, aprende a escrever o nome da esposa. A esperança de quem começa a decifrar o mundo por meio da palavra. As palavras começam a preencher o papel Kraft, começam a traduzir o sentimento daqueles que a encontram pela primeira vez. Mais uma vez sou conduzida para fora do teatro. Recordo-me do olhar dos meus alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos) encantados pela oportunidade de estar em uma sala de aula. Lembro-me da cortadora de cana que saia da sua casa todos os dias cinco horas da manhã e voltava às nove da noite, mas que não perdia uma aula sequer. Do seu olhar ao chegar para mim e mostrar o texto que ela tinha feito em casa, do seu sorriso de alegria quando eu dizia que ela escrevia tão bem e, principalmente, sua vontade de continuar estudando.

Por fim, chegamos à parte da condenação. Com um estojo para molhar os dedos, o ator vai passando pelo público, que em meio a risos e brincadeiras deposita sua digital sobre ele, que vai caindo sobre as pessoas, que o mancham com suas digitais. Sem reflexão e imersos na cena, o público o condena. A carta escrita pela mulher como sinal da traição do marido é lida em cena, sabemos que ela é inocente e descobrimos que o motivo pelo crime e a falta de leitura do marido.

Antes do final, somos remetidos ao papel modificador daquele que detém a leitura, mais uma vez a referência é a da ocupação das escolas. Os alunos trazem as cadeiras na frente do peito, como escudo, e palavras fortes, como ocupação, e a esperança da construção de um mundo mais justo. Nós também somos convidados a desenhar no ar palavras, palavras que darão significado ao mundo.

Karyna Bühler de Mello é integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista (UEM).

Cenas curtas encerram programação do evento

"Um caminho para a ilha", com Leonardo Fabiano. Crédito da imagem: Rosangela Bichelli
“Um caminho para a ilha”, com Leonardo Fabiano. Crédito da imagem: Rosangela Bichelli.

O encerramento da “Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos” será neste domingo (27) com a apresentação de cenas curtas de artistas e estudantes de Maringá e Londrina, no Oficina de Teatro da UEM, às 20h30. A entrada é franca. Veja, abaixo, a sinopse e a classificação de cada cena:

“Ansia”

Atriz: Bianca Cristina
Direção: Estela Moreira
Texto: depoimentos anônimos
Iluminação: Victor Lovato
Classificação: 14 anos
Duração: 11 minutos

Sinopse: O anseio do belo, a definição de beleza e alguns modos de alcançá-la são relatados em inúmeras variáveis, na composição de uma figura que busca atender aos padrões estéticos.

“Pesadelo”

Atuação e Direção: Helen Rúbia Andrade Batista
Iluminação: Victor Lovato
Classificação: 16 anos
Duração: 8 minutos

Sinopse: Em uma cena expressionista com inspiração no espaço onírico, a atriz propõe um jogo com o acordar e o dormir, a não certeza do espaço e do tempo, a instabilidade rítmica, a busca por emergir.

“Palhaço Mequetrefe e o malabarista Poucatelha”

Atuação e Direção: Gustavo Bertin (Londrina / PR)
Classificação: livre
Duração: 6 minutos

Sinopse: O palhaço Mequetrefe anuncia uma atração convidada para seu espetáculo, seu amigo e malabarista Poucatelha. Em um jogo de comicidade, malabarismo e teatro de animação, Mequetrefe e seu amigo tiram risos e suspiros do público, que se encanta com tamanha simplicidade.

“Um caminho para a ilha”

Ator: Leonardo Vinicius Fabiano
Direção e Sonoplastia: Bárbara Paschoini Guanaes Bittencourt
Iluminação: Victor Lovato
Classificação: livre
Duração: 15 minutos

Sinopse: Vivemos em uma sociedade que caminha cada vez mais em direção à completa solidão. O que faz uma pessoa chegar ao ponto de se isolar de todo coletivo? É a partir desse questionamento e da concepção de indiferença que “Um Caminho Para A Ilha” se desenvolve. Um ator, suas memórias e sua total indiferença perante a elas. Quantas ilhas são necessárias para criar a solidão?

“Psicose 4.48”

Atriz: Sophie Freitag
Direção: Victor Lovato
Projeção e Sonoplastia: Elle Carol
Local: palco da Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: 15 minutos

Sinopse: Há uma corrida contra o tempo e o tempo parece nunca trabalhar a favor. Uma série de ações cotidianas desencadeadas num ritual repetitivo e escravizante. Até que ponto uma pessoa estaria presa à sua consciência? Qual o peso da culpa diante da imposição de um transtorno?

“4 da tarde”

Texto, Concepção e Atuação: Danilo Neiva (Londrina / PR)
Classificação: 12 anos
Duração: 9 minutos

Sinopse: Às 4 da tarde o cachorro latiu. Às 4 da tarde o pássaro voou. Às 4 da tarde a porta se abriu. Às 4 da tarde ela chegou. Um ensaio da morte; uma representação do frio na espinha perante o último suspiro e suas impressões da velha senhora.

“Vênus”

Atuação e Direção: Helen Rúbia Andrade Batista
Iluminação: Victor Lovato
Assistente: Isabela Bocchi
Classificação: 16 anos
Duração: 6 minutos

Sinopse: Cena inspirada no Voom Portraits de Bob Wilson e no quadro do “Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli. Uma crítica ao corpo feminino por meio de uma transfiguração do belo.

“Vermelha”

Atuação, Direção e Texto: Kênia Bergo
Assistência de direção: Élder Sereni
Iluminação e Sonoplastia: Ana Paula Wansovicz Matozo
Classificação: 16 anos
Duração: 15 minutos

Sinopse: Pesquisa iniciada no curso de Artes Cênicas e desenvolvida com assistência de direção de Élder Sereni no Projeto Desafeto. A cena é uma pesquisa do corpo e da identidade feminina, entrelaçando texto e poesia da própria atriz, caminhando entre o teatro ritual e performativo. É um ritual de separação e reagrupação social, mesclando natureza, tecnologia e ancestralidade.

Endereço:

Oficina de Teatro da UEM
Bloco O-08 (para ver o mapa da UEM, clique aqui)
Avenida Colombo, 5790 | Zona 07
Maringá-PR

“Ledores no breu”, registros fotográficos de Renato Domingos

Na sexta-feira (25), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o ator Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo (SP), apresentou “Ledores no breu” no projeto Convite ao Teatro.  O espetáculo é inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire. A temática abordada é a das relações entre o indivíduo sem leitura e sem escrita com o mundo, da leitura das letras e da leitura de mundo e do valor das palavras. A ideia é promover a reflexão sobre as consequências do analfabetismo e, principalmente, do analfabetismo funcional.

Dinho Lima Flor nasceu na cidade de Tacaimbó (PE). Flertador da poesia desde quando conheceu o Ilo Krugli, é um dos fundadores da Cia do Tijolo, companhia teatral que inaugurou seus trabalhos com a vida e obra do poeta Patativa do Assaré. Foi integrante por mais de uma década do grupo Ventofortem e participou também da Casa Laboratório para as Artes do Teatro. Em sua trajetória, destacam-se os espetáculos: Concerto de Ispinho e Fulô, Bodas de Sangue, O Homem Provisório, Histórias de Lenços e Ventos, Mistério das 9 Luas e Cantata Para Um Bastidor de Utopias.

Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou "Ledores no breu" durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.
Na sexta-feira (25), Dinho Lima Flor apresentou “Ledores no breu” durante a Só em Cena. Imagem: Renato Domingos. 2016.
O espetáculo é inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire. Imagem: Renato Domingos, 2016.
O espetáculo é inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire. Imagem: Renato Domingos, 2016.
"Ledores no breu" aborda as relações entre o indivíduo sem leitura e sem escrita com o mundo Imagem: Renato Domingos, 2016.
“Ledores no breu” aborda as relações entre o indivíduo sem leitura e sem escrita com o mundo Imagem: Renato Domingos, 2016.

Ficha técnica

Atuação: Dinho Lima Flor
Direção: Rodrigo Mercadante
Assistência de Direção: Thiago França
Dramaturgia: Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante
Preparação Ator e Corpo: Joana Levi
Projeto de Luz: Milton Morales, Thiago França e Dinho Lima Flor
Operação de luz: Rosana Lazaro
Contrarregra: Cida Lima
Trilha Sonora: Dinho Lima Flor
Produção: EmCartaz Empreendimentos Culturais e Cris Raséc
Designer Gráfico: Fábio Viana

Cicatrizes, por Andresa Viotti

“Começou?” – “Não, não começou!” – “Começou sim, veja”.

Quando começou e quando acabou o espetáculo? Acredito que estou presa nele até agora! A atriz começa sua atuação do lado de fora do teatro, muda. Nos fazendo questionar se faz parte do espetáculo ou não. E desde então começam as perguntas: Qual a linha tênue entre arte e vida? Entre a ficção e a verdade contada em forma de segredo? Entre minhas lembranças ilusórias e o que delas possa ser real? Caos, confusão! O que realmente aconteceu? A verdade basta? A verdade é verdade mesmo? Qual a verdade de cada um? Porque repetir tantas vezes a mesma coisa? Entre palavras rápidas e repetidas, a atriz nos faz passar por uma explosão de sentimentos. O que precisamos tanto entender? Quantos questionamentos um espetáculo pode deixar no espectador?

"Conversas com meu pai", solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.
“Conversas com meu pai”, solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.

De início, sabemos que serão reveladas algumas memórias sobre a relação com seu pai. No entanto, o espetáculo é fragmentado em três momentos e cada uma dessas partes apresentam tantos outros pedacinhos que precisamos capturá-los e ligar os pontos. É questionado pela atriz sobre a verdade de suas memórias, se o que ela lembra realmente aconteceu ou se é uma ideia projetada em sua mente ou, até mesmo, se é uma lembrança contada por um outro alguém e ela acredita ser sua. Para nós, espectadores, restam as possibilidades: Foi estupro? Foi incesto? Grávida do próprio pai? Não, não, nenhuma das alternativas. Sim, sim, todas as alternativas! Fui longe demais? Óbvia demais? Neutra demais? Possivelmente não entendi nada, ou tudo! Essa é a minha história ou a história de Janaína Leite? Como escrever uma crítica? Como dar opinião sobre o subjetivo? Como falar sobre a individualidade de uma pessoa? O que de universal tem nesse individual? O que do outro tem em mim? O que de mim tem no outro?

Em um espetáculo como “Conversas com meu Pai” são as perguntas que movem uma crítica, a busca de respostas não passa de uma ilusão!

Andresa Viotti, atriz e integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista. 

Só em Cena: roteiro performático

“Encontrarmo-nos”, de Alexandra Delgado. Imagem: Andrea Abreu.
“Encontrarmo-nos”, de Alexandra Delgado. Imagem: Andrea Abreu.

Neste sábado (26), em Maringá-PR, os estudantes do curso de Artes Cênicas participam de um Roteiro Performático em que os espectadores vão percorrer vários pontos do Oficina de Teatro da UEM. As ações acontecem simultaneamente, com início às 20h30. Todas as performances acontecerão ao mesmo tempo e os espectadores serão convidados a percorrer o teatro, começando pelo espaço externo, passando pelo hall, palco, camarim, banheiro e espaço externo. 

“Último trago ou cinzas”

Atriz/Performer: Jéssica Oliveira (Jazz)
Local: entrada da Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: indeterminada

Sinopse: A performance aborda a questão dos vícios, rancores e ansiedades que atropelam a vida de artistas recém formadas, em busca de espaço no meio artístico, um espaço de transição, não pertencendo mais completamente ao meio acadêmico e tentando se adaptar às regras da vida social e de mercado.

“As formas de dizer que te amo e objetos afiados – Parte II”

Performer: Kênia Bergo
Assistente: Ana Paula Wansovicz Matozo
Local: hall de entrada da Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: máximo de 30 minutos

Sinopse: “As formas de dizer que te amo e objetos afiados” é uma série de performances criada por Kênia Bergo, como resultado de vivências e reflexões pessoais, para desmistificar o amor romântico e suas formas de expressão. Num mundo em que aprendemos que o ápice da felicidade é amar e ser amado, nos submetemos à dor e à dependência do amor do outro disfarçadas de relação. Uma descoberta corporal de onde surge a dor, se é a que vem do outro ou de si mesma, e qual a mais dolorosa.

“Gordura cega”

Performer: Renan Ghiraldi
Assistente: Bárbara Sanches
Local: banheiro do camarim da Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: máximo de 30 minutos

Sinopse: Performer e espectador são colocados juntos, isolados das ações externas, para tratarem do assunto dos corpos não padronizados. Por meio dos sentidos, anulando a visão e aguçando a audição, olfato e tato, pretende-se gerar discussões e reflexões afetivas acerca do corpo gordo. Um espectador por vez.

“MORRER: verbo que se conjuga na primeira pessoa do singular e do plural”

Performer: Jones Vil.
Local: camarim da Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: máximo de 30 minutos

Sinopse: Um corpo nu. Um aviso colado ao lado com um poema que serve como dispositivo para os espectadores escreverem palavras ou frases no corpo do performer. Enquanto acontecem as ações, um áudio segue ativo.

“Incômodo duma invasão”

Performer: Cassiana Soares
Assistente: Rodrigo Nóbile
Local: Oficina de Teatro da UEM
Classificação: livre
Duração: indeterminada

Sinopse: Depoimento corporal sobre invasões, violências, abusos, estupros, etc. Partitura desenvolvida na aula de Expressão corporal III, ministrada pelo professor Elder Sereni no curso de Artes Cênicas/UEM.

‘‘Encontrarmo-nos’’

Performer: Alexandra Delgado
Música (composição em tempo real): Fernando Morrete
Local: Oficina de Teatro da UEM
Classificação: 16 anos
Duração: aproximadamente 15 minutos

Sinopse: A partir do diálogo entre música, dança e improviso, o espetáculo propõe a manifestação do corpo em experimento híbrido. Sabendo que este ser enquanto corpo/social ocupa espaços normativos, automatizados, castradores/manipuladores, promovemos a partir das ações de resistência a transgressão, movida pelos encontros e diálogos, experimentos dessas subjetividades e alteridades do corpo. Subjetividade deformada.

Endereço:

Oficina de Teatro da UEM
Bloco O-08 (para ver o mapa da UEM, clique aqui)
Avenida Colombo, 5790 | Zona 07
Maringá-PR

Só em Cena: espetáculos de rua

A programação de hoje (26) da “Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos” acontecerá em três locais diferentes, com espetáculos de rua e performances. No distrito de Iguatemi, Edna Aguiar, que é atriz, diretora teatral e professora marca presença na “Só em Cena” com a peça “Risoflora – contando e cantando por todo o Brasil”. A apresentação será na Praça Luiz Moreira de Carvalho, às 14 horas.

A personagem Risoflora nasceu em 1998 a partir do intercâmbio entre o artista plástico, diretor e escritor de Recife, Romero Lima, e a atriz Edna Aguiar, que residia em São Paulo. Ele selecionou estórias e canções clássicas de amor da literatura mundial, que a personagem narra como se tivesse vivido. Romero incluiu no espetáculo Tamar e Amnon (fragmento bíblico), Branca de Neve (Irmãos Grimm), Lisabetta (do Decameron de Giovanni Boccaccio), Nossa Senhora e o caranguejo (Tradição oral), Oxum (Mitologia africana), entre outras. Risoflora é uma dessas loucas de rua que existem nas praças de todas as cidades, que em troca de atenção oferece flores e conta estórias de sua vida e de seus amores.

A atriz londrinense Edna Aguiar em "Risoflora – contando e cantando por todo o Brasil. Imagem: divulgação.
A atriz londrinense Edna Aguiar em “Risoflora – contando e cantando por todo o Brasil”. Imagem: divulgação.

A maringaense Márcia Costa, atriz e estudante de Artes Cênicas, apresentará “Tempos de Cléo” na Praça da Juventude, em Sarandi (PR), às 17 horas. Esse espetáculo propõe um encontro ao ar livre. De repente, nos deparamos com a errante, uma acumuladora de histórias e seu corpo transbordado de memórias. Em uma pessoa está a lembrança de muitas: a alegria de Jéssyca, o amor da mulher que só por amar já vai pro céu, a simpatia do consertador de sapatos, o nervoso ex-militar da feira, o delicado vendedor de algodão doce, o intrépido homem que não toma remédio contra HIV e tantos outros e outras que estão nessa instigante jornada. No espaço de passagem ou na passagem do tempo fica o convite para saborear essas histórias.

Márcia Costa em "Tempos de Cléo", apresentando-se Festival Internacional de Teatro em no Festival Internacional de Teatro em Canoas. Imagem: divulgação.
Márcia Costa em “Tempos de Cléo”, apresentando-se em Curitiba/PR. Imagem: Rachel Coelho.

No domingo (27), as atrizes Márcia Costa e Edna Aguiar farão um bate-papo com o público sobre os trabalhos apresentados no dia anterior. A conversa será no Oficina de Teatro UEM, às 14 horas, com entrada franca.

Locais das apresentações:

Quando o silêncio grita em nós, por Arnaldo Martin

Escrevo esse texto no dia em que meu pai completaria 68 anos se estivesse vivo. Resta a dúvida se existe o acaso.

Um dos destaques da Só em Cena – Mostra Solos e Monólogos de Maringá, evento da Dois Coelhos Comunicação e Cultura, realizado via Lei Federal de Incentivo à Cultura e contemplado pelo edital da Viapar Cultural, foi o espetáculo “Conversas com meu pai”, uma pesquisa cênica da atriz paulistana Janaína Leite com dramaturgia do premiado Alexandre Dal Farra (Prêmio Shell 2013).

Papéis numa caixa de sapatos. Frutos da comunicação entre um pai enfermo, sem a possibilidade de fala, e uma filha que mantinham os laços de afetividades numa comunicação sem qualquer som, mas com múltiplas vozes. A todo instante qualquer um de nós nos reinventamos, mudamos e reescrevemos nossos passos – tanto do passado quanto os futuros – nesse sentido. Leite conduz as versões da história que conta diferentes formas e sentidos de si mesma. Em tempos líquidos todos perdemos o aspecto cartesiano, lutamos com o mundo e com o tempo que nos prega peças ao construir uma linearidade da memória. No fundo, o espetáculo nos mostra a obviedade humana que qualquer racionalidade não se é possível linearidade.

O ensejo teatral revela a descrença simplista que não há plano traçado, o incomodo latente grita, mesmo que através do silêncio de Alair (pai e peça documental do espetáculo) nem sempre há um bom porto no final da jornada. Enquanto há as trocas de personalidades de um selfie da atriz, o que se apresenta são memórias documentais através de projeções de vídeo de uma realidade passada e real? Imagens em pedaços, estilhaços e cacos que nos fazem reconhecer nesses anônimos tão fraternais.

"Conversas com meu pai", solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.
“Conversas com meu pai”, solo da atriz Janaína Leite. Crédito da imagem: Renato Domingos. 2016.

Pairam as dúvidas: de que forma se relaciona a realidade e a ficção? O que é real? Será que isso existe somente na minha mente? São reflexões que mentém uma tensão viciante ao expectador.

Somos o fruto do que nos cerca, todas as coisas podem ser revertidas, e temos grandes dificuldades de enxergar certas situações, todos temos aqueles segredos escondidos no silêncio, e na escuridão de mente, e por mais espinhosos e escabrosos que são percebemos que é necessário nos machucarmos com eles, pelos simples fato de lembrarmos da nossa fragilidade humana.

Sofremos para enfrentar nossa realidade, encarar os mais sublimes silêncios podem nos fazer estourar os tímpanos. O poeta já dizia que o silêncio responde até aquilo que não foi perguntado. Quem é mais sábio? O homem que encara seus monstros ou o medíocre que olha ao seu redor e finge que está tudo bem e se conforma cotidianamente. O espetáculo “Conversas com meu pai” nos traz essas reflexões de tantas histórias empilhadas e revela uma excelente pesquisa e encenação do teatro documental.

Arnaldo Martin Szlachta Junior é professor e doutorando em História pela Universidade Estadual de Maringá. Como ator participou de mais 30 espetáculos e dirigiu outros dois.

Conversas com meu pai: uma tentativa, por Karyna Bühler de Mello

Janaína Leite em "Conversas com meu pai". Crédito da imagem: Renato Domingos.
Janaína Leite em “Conversas com meu pai”. Crédito da imagem: Renato Domingos.

A experiência de narrar o inenarrável pode nos levar a lugares desconhecidos e, muitas vezes, desconfortáveis.

De forma muda, a atriz nos convida a entrar no teatro com a promessa de que nos serão reveladas as conversas entre a mesma e o pai, já morto, conversas que estão guardadas em uma caixinha de sapato (que permanecerá fechada a peça inteira).

Estamos diante do processo de criação e concepção da peça e logo nas primeiras cenas somos conduzidos a uma situação de desconforto. A fala rápida, as palavras e expressões que se repetem sem que haja uma organização lógica, ou pelo menos evidente, misturadas à condição de cumplicidade a que a atriz tenta nos submeter, “eu preciso dividir um segredo com vocês” nos parece bastante desconcertante. Ao passo que ganha condição de destaque o próprio processo de criação e as dificuldades encontradas pela atriz, Janaína Leite, em transpor para a cena as lembranças mais íntimas e dolorosas entre ela e o pai. Evidencia-se o limite entre realidade e ficção, que nos convida a questionar a possibilidade de construir esteticamente (ou reconstruir) aquilo que insiste em escapar da memória. O processo acaba retratando a fragmentação da memória, dando ênfase para a impossibilidade de transpor a vida para o palco. No entanto, mesmo diante desse obstáculo, essa tentativa de dar expressão para os seus conflitos é composto por um sentimento de cura para a personagem, que transita ela mesma entre o plano da criação e o da realidade.

Essa fragmentação da memória, nos leva a um processo de desconstrução, em que resta ao público reunir as pistas deixadas em cada uma das três tentativas de organização da fábula pela atriz. No primeiro processo, observamos a personagem vestida de luto nos revelando sobre a morte do pai e a sua tentativa de revelar essa relação, ela rompe essa cena para, na sequência, iniciar o segundo processo expondo a dificuldade de organizar isso de forma a transmitir seu segredo, mesmo porque ela própria já não teria certeza sobre sua narrativa, ela nos remete a sua adolescência e as marcas deixadas por aquele momento em que o pai sai de casa “foi um alívio para todos” (Sinopse). Em meio às memórias que insistem em permanecer embaralhadas, a personagem mergulha em um ambiente desorganizado e repleto de lembranças, um porão, onde ela guarda tudo aquilo que visivelmente é necessário se desfazer, mas que ela insiste em carregar. É no meio desse amontoado de coisas que ela revela ao público a fragilidade das relações familiares e como elas foram abarcadas pelo teatro desde as tragédias gregas. Existe uma referência à relação do incesto praticado por Édipo, bem como o das filhas de Ló, que se deitaram com o pai para que a tradição da família se perpetuasse, talvez aí começa a ficar mais clara a dificuldade em transformar para a cena a sua experiência. Por outro lado, chegamos ao fato de que essa a tentativa da atriz de adaptar a vida ao espetáculo também parte de um desejo de não permitir que aquela relação simplesmente se acabe, mas que ela continuasse viva por meio de cada apresentação, bem como de cada texto escrito posteriormente sobre a peça.

Karyna Bühler de Mello é integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista (UEM). 

Abaixar âncora, por Andresa Viotti

Julio Adrião em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena - Mostra de Solos e Monólogos. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos. Crédito da imagem: Renato Domingos.

Palco vazio, luz branca naquela “caixa de areia” que me pareceu imensa. Mas, não estava vazia, não parecia vazia. A sensação era boa! No entanto, a tal “caixa de areia” pareceu pequena para a atuação de Julio Adrião. Do início ao fim o que de pronto me chamou atenção foi a corporeidade, a fisicalidade corporal do ator, que de tão boa fez com que o texto me parecesse dispensável em vários momentos. As nuanças do texto, junto com um grammelot bem articulado, o uso de onomatopeias envolvia a plateia e os pontos máximos aconteciam quando incorporava a reação dessa plateia à sua desenvoltura no palco. O que também pode ser um problema! Mecanismos da comicidade podem ser notados na adaptação, um tempo cômico muito bem feito e uma escuta muito boa do público, sem contar que utilizar da comédia para se aproximar da plateia, na medida em que leva uma reflexão crítica, é pisar no terreno do cômico por excelência e nesse sentido a comedia é muito séria! Sendo assim, em vários momentos achei desnecessário o uso de alguns estereótipos e o reforço negativo deles. E o que mais me incomodava era perceber que a plateia maringaense, em sua maioria, gargalhava quando o assunto era pinto, bunda, teta, buceta ou quando havia referência aos grupos que são alvo de piadas todos os dias. A atuação de Julio Adrião estava espetacular por si só e não necessitava dar ênfase nesses estereótipos para ser aclamado pelo público.

Andresa Viotti, atriz e integrante do grupo de Grupo de Pesquisa Crítica Literária Materialista. 

Sobre “A Descoberta das Américas”, por Márcia Costa

Julio Adrião esteve em Maringá na terça-feira (22) abrindo a Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos. Um ator excelente e vigoroso, sem sombra de dúvidas! Fez brotar de um palco vazio todos os elementos imagéticos típicos de uma grande saga. Os ritmos variados, a melodia das falas e os desenhos formados pelo seu corpo, na pele de Johan Padan (um narrador totalmente amoral, herói às avessas, uma espécie de Macunaíma) nos levou mar, florestas, Américas adentro.

Embora esteja arriscando aproximações do malandro narrador Johan com Macunaíma, é preciso que se diga que ao contrário de nosso anti-herói tupiniquim, Johan é o representante do colonizador europeu, mesmo estando no nível mais baixo na hierarquia por se tratar de um Zé Ninguém que escapa da fogueira da inquisição, embarcando numa das caravelas de Cristóvão Colombo. Johan é ao mesmo tempo um opressor e um oprimido.

Julio Adrião, em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião, em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.

Seu temperamento se assemelha ao daqueles que se preocupam única e exclusivamente com a sua pele, com a sua barriga e com seus apetites sexuais. Por constituir-se de componentes tão elementares carrega em seus comentários e atos uma imensidão de estereótipos relacionados às mulheres, aos animais e a outras civilizações. Fora de sua terra exerce de forma malemolente toda sua herança opressora subjugando todas e todos. E como um bom anti-herói, sem ética nenhuma. Um personagem com essa constituição não poderia agir de outra maneira.

Julio Adrião, em "A Descoberta das Américas" durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.
Julio Adrião, em “A Descoberta das Américas” durante a abertura da Só em Cena. Crédito da imagem: Renato Domingos.

E, para mim, essa faceta escrota da personagem, tecida por Dario Fo* e interpretada brilhantemente por Julio Adrião, é que dá a tônica crítica e agudamente irônica desse trabalho. Algumas passagens principalmente relacionadas às mulheres não causam mais tantas risadas como há dez anos, (o que é muito positivo, pois demonstra que estamos em processo de transformação) mas o espaço criado pela peça para discussão e reflexão não acabou. Muito pelo contrário, ouso em dizer que estamos no momento histórico mais propício para isso. E não podemos num momento desses nos furtar ao diálogo.

Digo isso porque percebi alguns incomodados durante a apresentação e fiquei cavoucando com meus botões: será que o incômodo está relacionado a não percepção de ironia? Da não percepção das vozes que gritam nas entrelinhas Bom, ainda bem que na Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos temos a oportunidade de discutir nossas inquietações nos bate-papos! E tomara que usemos esse espaço para crescermos juntos.

*Texto de Dario Fo, inspirado em fatos reais narrados pelo navegador e cronista Álvar Núñes Cabeza de Vaca. Revisita de maneira irônica e crítica episódios ocorridos na Flórida do século XVI, mas a história poderia ser bem daqui, da terra brasileira. Um Zé ninguém de nome Johan Padan, rústico, esperto e carismático, escapa da fogueira da inquisição embarcando, em Sevilha, numa das caravelas de Cristóvão Colombo. No Novo Mundo, nosso herói sobrevive a naufrágios, testemunha massacres, é preso, escravizado e quase devorado pelos canibais. Com o tempo, aprende a língua dos nativos, cativa-os e safa-se fazendo “milagres” com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como filho do sol e da lua, catequiza e guia os nativos numa batalha de libertação contra os espanhóis invasores.

Márcia Costa é atriz e estudante de Artes Cênicas na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Só em Cena: programação gratuita segue até domingo

A Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos, que começou na terça-feira (22) com “A descoberta das Américas”, de Julio Adrião, é um projeto realizado pela 2 Coelhos Comunicação e Cultura e patrocinado pela Viapar. O objetivo do evento é fomentar a cultura na região, por meio da oferta de espetáculos teatrais e possibilitar aos artistas locais o contato com diferentes processos de criação e pesquisa.

Na sexta-feira (25), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o ator Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo (SP), apresenta “Ledores no breu” no projeto Convite ao Teatro. O espetáculo é inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire. A temática abordada é a das relações entre o indivíduo sem leitura e sem escrita com o mundo, da leitura das letras e da leitura de mundo e do valor das palavras. A ideia é promover a reflexão sobre as consequências do analfabetismo e, principalmente, do analfabetismo funcional. A peça será encenada no Teatro Barracão, às 20h30, com entrada franca.

Ledores no breu, solo de Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo (SP). Crédito da imagem: Alécio Cézar.
Ledores no breu, solo de Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo (SP). Crédito da imagem: Alécio Cézar.

No sábado (26) a programação acontecerá em três locais diferentes: no distrito de Iguatemi, a atriz londrinense Edna Aguiar marca presença na “Só em Cena” com o espetáculo de rua “Risoflora – contando e cantando por todo o Brasil” na Praça Luiz Moreira de Carvalho, às 14 horas. Em Sarandi, a maringaense Márcia Costa apresentará “Tempos de Cléo” na Praça da Juventude, às 17 horas. No mesmo dia, em Maringá, os estudantes do curso de Artes Cênicas participam de um Roteiro Performático em que os espectadores vão percorrer vários pontos do Oficina de Teatro da UEM. As ações acontecem simultaneamente, com início às 20h30.

O encerramento da “Só em Cena – Mostra de Solos e Monólogos” será no Oficina de Teatro da UEM, no domingo (27). Durante a tarde, às 14 horas, as atrizes Márcia Costa e Edna Aguiar farão um bate-papo com o público sobre os trabalhos apresentados no dia anterior. Às 20h30, haverá apresentação de cenas curtas de artistas e estudantes de Maringá e Londrina.

Para verificar os horários e os endereços dos locais das apresentações, clique neste link.

Programação -Só em Cena

Dia 22 de novembro (terça-feira)

20h30 – Abertura oficial

Espetáculo: “A descoberta das Américas” com Julio Adrião (Rio de Janeiro / RJ)

Local: Teatro Barracão

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Dia 22/11 – Espetáculo “A descoberta das Américas”. Foto: Divulgação.

Dia 23 de novembro (quarta-feira)

20h30 – “Conversas com meu pai” (Janaina Leite – São Paulo / SP)

Local: Teatro Barracão

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Dia 23/11 – Espetáculo “Conversas com meu pai”. Foto: Tiago Lima.

Dia 24 de novembro (quinta-feira)

20h30 – Ficção #1 com Thiago Amaral e Ficção #3 com Luciana Paes (Cia Hiato – São Paulo / SP)

Local: Teatro Barracão

Bate-papo após o espetáculo

Dia 25 de novembro (sexta-feira)

20h30 – “Ledores no breu” com Dinho Lima Flor (Cia do Tijolo – São Paulo / SP)

Local: Teatro Barracão

Bate-papo após o espetáculo

Parceria com Projeto Convite ao Teatro – Secretaria Municipal de Cultura de Maringá

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Dia 25/11 – “Ledores no breu”. Foto: Alécio Cézar.

Dia 26 de novembro  (sábado)

14h – “Risoflora – contando e cantando por todo o Brasil” com Edna Aguiar (Londrina / PR)

Praça da Igreja no distrito de Iguatemi

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Dia 26/11 em Iguatemi – “Risoflora”. Foto: Divulgação.

17h – “Tempos de Cléo” com Márcia Costa (Maringá / PR)

Praça da Juventude – Sarandi

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Dia 26/11 – “Tempos de Cléo”. Foto: Annelize Tozetto

20h30 – Roteiro performático

Local: Oficina de Teatro da UEM

1 – “Último trago ou cinzas”

Atriz/Performer: Jéssica Oliveira (Jazz)

Local: entrada da Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

2 – “As formas de dizer que te amo e objetos afiados – Parte II”

Performer:  Kênia Bergo

Assistente: Ana Paula Wansovicz Matozo

Local: hall de entrada da Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

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Performer Kênia Bergo. Foto: Ludmila Castanheira.

3 – “Gordura cega”

Performer: Renan Ghiraldi

Assistente: Bárbara Sanches

Local: banheiro do camarim da Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

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“Gordura cega”, de Renan Ghiraldi. Foto: Ludmila Castanheira

4 – “MORRER: verbo que se conjuga na primeira pessoa do singular e do plural”.

Performer: Jones Vil.

Local: camarim da Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

5 – “Incômodo duma invasão”

Performer: Cassiana Soares

Assistente: Rodrigo Nóbile

Local: Oficina de Teatro da UEM

Classificação: livre

6 – ”Encontrarmo-nos”

Performer: Alexandra Delgado

Música (composição em tempo real): Fernando Morrete

Local: Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

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“Encontrarmo-nos”, de Alexandra Delgado. Foto: Andrea Abreu.

 

Dia 27 de novembro (domingo)

Local: Oficina de Teatro da UEM

Horário: 20h30

Cenas curtas

1 – “Ansia”

Atriz: Bianca Cristina

Direção: Estela Moreira

Texto: depoimentos anônimos

Iluminação: Victor Lovato

Classificação: 14 anos

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“Ansia”. Foto: Adriana Carvalho.

2 – “Pesadelo”

Atuação e Direção: Helen Rúbia Andrade Batista

Iluminação: Victor Lovato

Classificação: 16 anos

3 – “Palhaço Mequetrefe e o malabarista Poucatelha”

Atuação e Direção: Gustavo Bertin (Londrina / PR)

Classificação: livre

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“Palhaço Mequetrefe e malabarista Poucatelha”.

4 – “Um caminho para a ilha”

Ator:  Leonardo Vinicius Fabiano

Direção e Sonoplastia: Bárbara Paschoini Guanaes Bittencourt

Iluminação: Victor Lovato

Classificação: livre

"Um caminho para a ilha", com Leonardo Fabiano. Crédito da imagem: Rosangela Bichelli
“Um caminho para a ilha”, com Leonardo Fabiano. Foto: Rosangela Bichelli

5 – “Psicose 4.48”

Atriz e direção: Sophie Freitag

Assistência de Direção: Elle Carol e Victor Lovato

Local: Oficina de Teatro da UEM

Classificação: 16 anos

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“4 da tarde”, com Danilo Neiva. Foto:Divulgação.

6 – “4 da tarde”

Texto, Concepção e Atuação: Danilo Neiva (Londrina / PR)

Classificação: 12 anos

7 – “Vênus”

Atuação e Direção: Helen Rúbia Andrade Batista

Iluminação: Victor Lovato

Assistente: Isabela Bocchi

Classificação: 16 anos

8 – “Vermelha”

Atuação, Direção e Texto: Kênia Bergo

Assistência de direção: Élder Sereni

Iluminação e Sonoplastia: Ana Paula Wansovicz Matozo

Classificação: 16 anos

 

Entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos meia hora antes (somente um por pessoa).

ATENÇÃO: não será permitida a entrada após o início dos espetáculos. Programe-se!

Consulte a programação das atividades paralelas.

Ledores no breu

Dinho Lima Flor – Cia do Tijolo – São Paulo/SP

Inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire, o espetáculo trata das relações entre o homem sem leitura e sem escrita com o mundo ao seu redor. Histórias entrelaçadas que acompanham analfabetos em pleno século XXI, homens percorrendo distâncias para elucidar suas dúvidas, seus erros e seus crimes. O que é ser analfabeto em São Paulo, nos grandes cruzamentos de capitais do Brasil? Qual o valor da palavra nesse mundo em que vivemos?

A leitura do mundo e a leitura das letras. Nessas duas esferas de apreensão e criação do conhecimento circulam nossos Ledores do Breu. O espetáculo pretende ser uma reflexão sobre as consequências do analfabetismo e, principalmente, do analfabetismo funcional. A partir de textos de Paulo Feire, Lêdo Ivo, Zé da Luz, Patativa do Assaré, Luiz Fernando Veríssimo, Frei Betto, canções de Cartola, Jackson do Pandeiro e Chico César, figuras se cruzam, histórias se embaraçam e tecem as trajetórias dessas vítimas do crime de não saber ler.

Parceria com o projeto Convite ao Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura de Maringá.

Ficha técnica

Atuação: Dinho Lima Flor.
Direção: Rodrigo Mercadante.
Assistência de Direção: Thiago França.
Dramaturgia: Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante.
Preparação Ator e Corpo: Joana Levi.
Projeto de Luz: Milton Morales, Thiago França e Dinho Lima Flor.
Operação de luz: Rosana Lazaro.
Contrarregra: Cida Lima.
Trilha Sonora: Dinho Lima Flor.
Produção: EmCartaz Empreendimentos Culturais e Cris Raséc.
Designer Gráfico: Fábio Viana.

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Ledores no breu | Dinho Lima Flor – Cia do Tijolo – São Paulo/SP
Dia 25 de novembro (sexta-feira)
Local: Teatro Barracão
Horário: 20h30
Duração: 65 minutos
Classificação: livre

Entrada gratuita, ingressos distribuídos meia hora antes (somente um por pessoa).

ATENÇÃO: Não será permitida a entrada após o início do espetáculo. Programe-se!

Ficção

Cia Hiato – São Paulo/SP

“Ficção” é um evento teatral composto por cinco espetáculos independentes (porém complementares e ressonantes) que mostram-se como resultado parcial das investigações da Cia. Hiato e primeira etapa do processo de criação de um espetáculo futuro: “Duas Ficções”. Todos os solos têm direção e dramaturgia de Leonardo Moreira, a partir dos relatos e projetos autorais dos atores da Cia. Hiato.

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Ficção # Thiago [campos] Amaral

Thiago Amaral propõe a criação de uma ficção como pretexto para reatar laços com seu pai. Ao executar o projeto criativo de seu pai – “A extinção dos Coelhos Selvagens”, Thiago expõe as motivações pessoais de uma criação artística, unindo de forma indissociável sua vida à sua obra.
Por este trabalho o ator foi indicado ao Prêmio Shell e ganhou o prêmio Questão de Crítica.

Com Thiago Amaral
Colaboração de Dilson do Amaral.

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Ficção # – Luciana Paes [de barros]

Luciana Paes, em um prólogo para outra atriz, questiona a autoria em um processo criativo e colaborativo ao apresentar um projeto artístico inspirado pela artista Frida Kahlo, porém não realizado por ela. Por este trabalho, a atriz foi indicada ao Prêmio Shell de 2013.

Com Paula Picarelli
Colaboração de Luciana Paes

Ficha Técnica

Direção e dramaturgia* Leonardo Moreira
*Cada ator é também autor de seu respectivo solo.
Elenco: Luciana Paes, Thiago Amaral
Produção e colaboração criativa: Aura Cunha
Colaboradores: Dilson do Amaral
Direção de arte (cenário e desenho de luz): Marisa Bentivegna
Assistência de cenografia: Ayelén Gastaldi, Julia Saldanha
Figurinos: João Pimenta
Trilha sonora original (ficção): Kuki Stolarski
Técnico e operador de som: Miguel Caldas.
Fotos: Otávio Dantas, Lígia Jardim
Assistente de produção: Yumi Ogino
Produção geral: Elephante Produções Artísticas

Os solos serão apresentados em sequência.

 

Ficção | Thiago Amaral / Luciana Paes – Cia Hiato – São Paulo/SP
Dia 24 de novembro (quinta-feira)
Local: Teatro Barracão
Horário: 20h30
Duração: 120 minutos (60 minutos cada solo)
Classificação: 14 anos

Entrada gratuita, ingressos distribuídos meia hora antes (somente um por pessoa).

ATENÇÃO: Não será permitida a entrada após o início dos espetáculos. Programe-se!

Conversas com meu pai

Janaina Leite (São Paulo / SP)

Em uma velha caixa de sapatos, Janaina guarda uma infinidade de bilhetes que trazem frases escritas por Alair, seu pai, que sofreu uma traqueostomia e perdeu a capacidade da fala. Esse foi o ponto de partida de um work in process de quase sete anos que culminou na morte do pai e que deixa como herança um amontoado de formas, esboços e questões com as quais a atriz tenta lidar em cena.

A atriz, do premiado grupo XIX de teatro, em parceria com o dramaturgo Alexandre Dal Farra (Prêmio Shell 2013 de melhor autor e indicado ao APCA em 2014 e 2015), flagra nesses papéis rascunhados o mote para a dramaturgia de uma comunicação silenciosa entre pai e filha.

Projeto contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz / 2015.

Ficha técnica

Concepção e Interpretação: Janaina Leite
Texto: Alexandre Dal Farra.
Direção e cenografia: Janaina Leite e Alexandre Dal Farra.
Vídeos: Bruno Jorge.
Iluminação: Wagner Antônio.
Figurino: Melina Schleder.
Direção de Palco: Michel Fogaça.
Design Gráfico: Rodrigo Pereira.

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Conversas com meu pai | Janaina Leite (São Paulo / SP)
Dia 23 de novembro (quarta-feira)
Local: Teatro Barracão
Horário: 20h30
Duração: 65 minutos.
Classificação: 14 anos

Entrada gratuita, ingressos distribuídos meia hora antes (somente um por pessoa).

ATENÇÃO: Não será permitida a entrada após o início do espetáculo. Programe-se!